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Um exame de consciência perfeito não só te revelará que ofendeste teu parente, mas, com o auxílio da graça, perceberás que o ofendeste por causa da tua ira; ou ainda da tua inveja, a real causa da tua ofensa.
Além de um olhar profundo sobre si mesmo, isto é, a causa dos meus atos pecaminosos, o exame de consciência gera a contrição, segundo passo.
2. A contrição tem por princípio o amor do Pai: “Entrou então em si e refletiu: quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância… Vou me levantar e irei a meu pai, e lhe direi: meu pai, pequei contra o céu e contra ti; não sou digno de ser chamado teu filho.” (Cf. Lc 15, 17-19a). A Parábola do Pai misericordioso mostra que o filho pecador não perdeu sua identidade de filho amado, pois ele se lembra do pai e decide por voltar para a casa do pai, ainda que vivendo como empregado. Entende-se pecador, se arrepende por ter abandonado o pai, e decide-se pelo seu perdão. A contrição perfeita é uma chave para abrir-se ao perdão perfeitíssimo de Deus e ao progresso na vida da santidade. Assim, a contrição caracteriza-se pela dor da alma acompanhada pela repugnância ao pecado. Só do amor do Pai nasce a contrição na alma. “Amemos a Deus já que Ele nos amou primeiro” (I Jo 4,19). “… amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor” (Jer 31,3). É desta forma que o sacerdote convida o penitente a recitar durante a confissão o ato de contrição, que deve conter a o arrependimento dos pecados cometidos contra o Deus amor, sumo bem e misericordioso, não por medo; além disso o firme propósito de não mais voltar a ofendê-lo, porque o ama verdadeiramente e quem ama não ofende a pessoa amada. A contrição perfeita abre-te o perdão dos pecados veniais e te prepara para receberes o perdão dos pecados mortais. É tão forte que atesta o Concílio de Trento: “A contrição perfeita, a contrição que procede do amor de Deus, justifica o homem e reconcilia-o com Deus ainda antes de receber o sacramento da Confissão” (14ª sessão, cap. 4). Mas lembre-se, como nos ensina o catecismo:
“O coração do homem é pesado e endurecido. É necessário que Deus dê ao homem um coração novo (20). A conversão é, antes de mais, obra da graça de Deus, a qual faz com que os nossos corações se voltem para Ele: «Convertei-nos, Senhor, e seremos convertidos» (Lm 5, 21). Deus é quem nos dá a coragem de começar de novo. É ao descobrir a grandeza do amor de Deus que o nosso coração é abalado pelo horror e pelo peso do pecado, e começa a ter receio de ofender a Deus pelo pecado e de estar separado d’Ele. O coração humano converte-se, ao olhar para Aquele a quem os nossos pecados trespassaram” (Cf. 1432)
E o Doutor da Igreja, bispo de Hipona nos exorta:
“Sacrifício para Deus é um espírito contrito e humilhado Deus não o despreza. Tens o que oferecer. Não examine o rebanho, não aprestes navios e não atravesses as mais longíquas regiões em busca de perfumes. Procura em teu coração aquilo que Deus gosta. O coração deve ser esmagado. Por que temes que o esmagado pareça? Lê-se aqui: Cria em mim, ó Deus um coração puro. Para que seja criado o coração puro, esmague-se o impuro. (Santo Agostinho)
Na A Imitação de Cristo:
“Chora e geme por estares ainda tão carnal e mundano, tão pouco mortificado nas paixões, tão cheio de movimentos de concupiscência; tão pouco diligente na guarda dos sentidos exteriores, tão envolto muitas vezes em vãs imaginações; tão inchado às coisas exteriores, tão negligente nas interiores, tão fácil ao riso e à dissipação, tão duro para as lágrimas e compunção; tão disposto à relaxação e regalos da carne, tão lento para seguir vida austera e fervorosa; tão curioso para ouvir novidades e ver coisas formosas, tão remisso em abraçar as humildes e desprezadas; tão cobiçoso de ter muito, tão apertado em dar, tão avarento em reter; tão inconsiderado em falar, tão pouco acautelado no calar; tão pouco regulado nos costumes, tão indiscreto nas ações; tão intemperante no comer e beber, tão surdo às vozes de Deus; tão pronto para o descanso, tão preguiçoso para o trabalho; tão desperto para ouvir contos e fábulas, tão sonolento para velar na oração; tão impaciente por chegar ao fim, e tão vago na atenção, tão negligente em rezar o ofício divino, tão tíbio em celebrar a missa, tão indevoto na comunhão; tão fácil em te distraíres, tão difícil em te recolheres, tão ligeiro em irar-te, tão fácil em admoestar os outros; tão precipitado em julgar, tão rigoroso em repreender; tão alegre na prosperidade, tão abatido na desgraça; tão fecundo em bons propósitos e tão estéril em boas obras…”(KEMPIS, T. A. Imitação de Cristo. Livro 4, Cap. VI)
Continua na 4ª parte.